16 de janeiro de 2008

Autobiografia de Benazir Bhutto - Parte 2



Namaskar

Continuando com a autobiografia de Benazir Bhutto, Daughter of the East, An Autobiography.

Foram tantas, mas tantas as vezes que prenderam Benazir Bhutto que eu acabei perdendo a conta, mas ela conta no livro todos os detalhes as diversas vezes em que esteve presa, assim como sua mãe.

Quando o General Zia tomou o poder num golpe militar em 1977 ele suspendeu a constituição e decretou lei marcial alem de impor uma grande censura nos meios de comunicação. A intenção era controlar tudo e todos.

Os jornais imprimiam colunas totalmente em branco como forma de protesto para deixar claro aos leitores que noticias importantes haviam sido removidas pela censura.

Os pais de Benazir casaram-se em 1951 e em 21 de junho de 1953 Benazir nasceu, sendo a mais vela das quatro crianças (2 meninas e 2 meninos). Ela era tão clara e rosada que imediatamente recebeu o apelido de “Pinkie”.

O avo paterno de Benazir (Shah N. Khan Bhutto) enviou o filho Zulfikar Ali Bhutto (pai de Benazir) para estudar fora do Paquistão, na University of California at Berkley nos Estados Unidos e depois para estudar Direito em Oxford na Inglaterra.

A mãe de Benazir também fez faculdade, dirigia o próprio carro e não usava véu na cabeça.

“In our house education was top-priority.” A educação formal era muito importante para os pais de Benazir que faziam questão em educar não somente os filhos como também as filhas.

Se o Paquistão ainda eh primitivo em pleno 2008 imagine anos atras quando nem se pensava em mandar as meninas para escola!!!!!! Por isso mesmo a família Bhutto foi sempre muito criticada e perseguida, mas isso a imprensa machista também não fala e se esforçam ao máximo para passar uma péssima imagem dos Bhuttos. Por que a imprensa não mostra as atrocidades cometidas contra as mulheres no Paquistão??? Porque eles preferem perseguir pessoas que tratam as mulheres como serem humanos e com respeito.

Benazir era boa aluna e seu pai Zulfikar Ali Bhutto resolveu dar a Benazir a mesma oportunidade que ele mesmo teve e a enviou para estudar fora do Paquistão. Assim Benazir foi a primeira mulher da família Bhutto a ir estudar fora.

Benazir e sua mãe estava no trem que vai de Karachi a Larkana quando sua mãe retirou da bolsa uma burqa e colocou-a em Benazir em um ritual de passagem dizendo ‘You are no longer a child’.

A passagem da infância para a vida adulta no simples fato de vestir burqa foi uma decepção para Benazir; A cor azul do céu, o verde da grama e arvores, as flores, tudo adquiriu uma cor acinzentada devido ao véu que cobre os olhos.

Ao sair do trem Benazir teve dificuldade em caminhar com a burqa que ia da cabeça aos pés. Sem poder receber nenhuma brisa que pudesse haver, o suor começou a escorrer por sua face e corpo. Ao chegar em casa a mãe de Benazir disse para Zulfikar Ali Bhutto: ‘Pinkie wore her burqa for the first time today’ ao que o pai horrorizado respondeu ‘She doesn’t need to wear it’. Assim Benazir tornou-se a primeira mulher Bhutto a ser dispensada de usar a incomoda burqa.

Como você pode observar, Benazir foi a primeira mulher Bhutto a fazer as coisas de modo diferente do resto da família e da arcaica sociedade paquistanesa, o que lhe causou sempre muitas criticas e perseguições.

Benazir não reclamou do fato de sua mãe ter-lhe colocado burqa, foi o pai de Benazir que resolveu libera-la de ter que usar a vestimenta típica das mulheres islâmicas. Zulfikar Ali Bhutto (pai de Benazir) foi um homem avançado muito alem de seu tempo e que acreditava na igualdade entre os sexos e por isso foi incompreendido e perseguido pelos militares que o assassinaram a sangue frio.

Em 1967, Zulfikar Ali Bhutto fundou seu partido político, o PPP (Pakistan People’s Party).

Benazir Bhutto quando adolescente no Paquistão, foi uma garota tímida. Ao ir estudar nos Estados Unidos e ver que as mulheres eram tratadas com respeito e igual aos homens, ela ganhou confiança em si mesma e sua timidez foi sendo eliminada aos poucos.

Enquanto Benazir estudava fora, o Paquistão era regido por uma ditadura militar comandada por Ayub e Yahya Khan onde somente as ‘Vinte e duas famílias’ tinham poder e comandavam toda a economia do pais.

Em dezembro de 1970 o general militar Yahya resolveu que após 13 anos de ditadura militar já era hora de se fazer uma eleição. O pai de Benazir e seu partido PPP venceram a eleição da ala oeste do Paquistão enquanto Sheikh Mujib venceu na ala leste. Aqui cabe uma explicação geográfica.

Quando a Índia recebeu sua independência da Inglaterra em 1947, uma das condições impostas por Jinnah o líder islâmico da época que queria muito o poder e ser o primeiro-ministro; era que se criasse juntamente com a independência da Índia um pais islâmico para si, para que ele pudesse governar e ser o primeiro-ministro. Gandhi cedeu a pressão e concordou em dar duas porções do território indiano para que se criasse o tal pais islâmico que Jinnah tanto queria. Uma parte a leste da Índia e outra a oeste tendo a Índia bem no meio. Veja o mapa acima e observe os “2 Paquistãos”, um a noroeste e outro a nordeste da Índia.

Claro que um país que foi criado forçosamente e tendo 2 territórios tão distantes um do outro não iria durar muito tempo assim. Em 1971, Sheikh Mujib que havia ganho as eleições na parte leste do Paquistão queria ser o soberano absoluto e declarou guerra contra a parte oeste do Paquistão. A Índia apoiou a independência da parte leste do Paquistão e assim eles se tornaram independentes e surgiu Bangladesh.

Em 20 de dezembro de 1971, o pai de Benazir Bhutto, Zulfikar Ali Bhutto tornou-se presidente do Paquistão. Como a constituição havia sido suspensa pela ditadura militar e a lei marcial estava em vigor, Zulfikar Ali Bhutto tornou-se o primeiro presidente civil eleito a assumir o cargo em plena lei marcial. Justo Zulfikar Ali Bhutto que sempre lutou tanto pela democracia.

Foto: Benazir Bhuto do lado esquerdo em roupa rosa clara e atras um quadro (portrait) de seu pai Zulfikar Ali Bhutto.

Continua amanha.....

Om Shanti Om

4 comentários:

  1. Oi Sandrinha, quando temos uma missão a cumprir, as coisas vão se encaixando, assim vejo a vida de Benazir. Nasceu junto de uma pessoa que seria de suma importância para ela: seu pai. Vendo a situação assim de fora podemos compreender e admirar muito mais esse ser. Hoje para mim a burqa tem sum significado muito grande em relação a liberdade feminina e Benazir mostra claramente quando descreve tudo cinza. Espero que logo essa vestimenta seja uma opção e não obrigação para as mulheres islâmicas. Beijos no coração OM Shanti.
    PS: a foto é de uma bacia para se tomar banho?

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  2. é bacana ver a história de uma família tem a frente de seu tempo!
    Não vejo a hr de ler a continuação!
    bjs

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  3. Oi Sandra,tudo bem?cheguei agora do trabalho e vim direto pra ler mais um trexo do livro..
    To adorando...voce eh 10000.
    bju

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  4. Olá Sandra! Estou amando as postagem sobre Benazir.... irei procurar o livro também! Espero os próximos capítulos. Bjs :)

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