12 de março de 2007

A Trajetória de Vida da Mulher na Índia - Parte III


Nâmaskar


Uma minoria da população indiana (1%) tem teimado em escolher o próprio parceiro e não aceitar o casamento arranjado pelos pais. Essas moças corajosas tem sofrido não só perseguições familiares como também pública. As leis indianas proíbem demonstrações de carinho e afeto em público e que torna difícil o ato de namorar. Os casais que vão à parques namorar são perseguidos pelos policiais que além de humilha-los os agridem fisicamente e exigem propina para nao leva-los preso.

Como as meninas casam-se muito novas, aos 10 ou 11 anos de idade já estão parindo seu primeiro filho. Muitas morrem no parto e a maioria das mulheres indianas sofrem de anemia. É pratica entre as indianas dar primeiro comida para o marido, depois para os filhos e o que sobrar, se sobrar, vai para elas. A mulher indiana nunca senta-se para comer junto da família, ela fica servindo as pessoas e só depois que todos comeram é que elas vão comer.

Além da anemia, a perseguição por causa do dote é outra violência que assola as indianas. O pai das noivas tem que dar um bom dote em dinheiro para o noivo e para a família dele. Atualmente aceita-se também além de dinheiro, motos, carros, casas etc. Se o pai da noiva não dá o dote prometido ou se a família do noivo pede algo a mais, depois do casamento e o pai da noiva não dá, a moça sofre todo tipo de violência física, mental e emocional e inúmeras vezes acaba sendo assassinada pela família do noivo.

O modo mais comum de assassinar as moças é tacando fogo nelas e dizer depois que foi acidente e ela se queimou na cozinha. Noticias sobre este tipo de violência doméstica esta todos os dias nos jornais, é corriqueira e não prende a atenção de ninguém. Este é justamente um dos motivos pelos quais os pais não querem ter filhas, pois estas incorrem em muita despesa pela ocasião do casamento e os noivos atualmente pedem mais e mais dote.

Outro problema grave nos centros urbanos indianos é o crescente número de estupros. Os indianos vêem as mulheres somente como um objeto para realizarem seus instintos sexuais e não pensam duas vezes em estupra-las. A situação anda tão crítica que até mesmo uma diplomata Suíça foi estuprada dentro do próprio carro em um estacionamento aqui em Delhi. Creio que o fato de existirem mais homens do que mulheres na Índia agrave o problema. Os casos de estupro que vão para a justiça sempre acabam culpando as mulheres e as acusam de seduzirem os homens e estes por sua vez sempre saem livres nunca indo presos e nunca pagando pelo crime que cometeram. Não é recomendado que turistas estrangeiras viagem sozinhas pela Índia.

Com a diminuição da prática do Sati as viuvas agora são expulsas de casa pela família do marido quando este morre e no geral são levadas para a cidade de Veranasi onde ficam vivendo em condições subumanas até morrer. O filme Water de Deepa Mehta que mostra esta triste e sofrida realidade das viuvas indianas foi banido da Índia e a cineasta teve que sair correndo pois recebeu inúmeras ameaças de morte. Aqui na Índia todos sabemos que ameaça em geral significa a morte, como ocorreu com a Primeira Ministra Indira Gandhi; outra grande mulher na história deste país chauvinista.

A proibição do Sati, eh a única lei em relação a mulher que tem sido um pouco mais respeitada. Refere-se a prática milenar de colocar a viuva viva junto ao corpo do marido falecido e força-la a morrer queimada simultaneamente na mesma pira do marido. Com a morte do marido, a família deste não via sentido em ficar sustentando a viúva. Praticando o Sati, ou seja, matando-a queimada na pira funeral, evitava-se assim também problemas de divisão da herança. Como agora está proibido matar as viuvas, estas são levadas à Veranasi e abandonadas lá.

Fica aqui então a sugestão para que assista ao filme Water de Deepa Mehta que além de retratar uma realidade indiana atual, é um modo inteligente de prestigiar esta mulher indiana corajosa e cineasta de grande gabarito que sofreu e sofre até hoje perseguição do governo indiano e de sua população machista, que tenta a todo custo tampar o sol com a peneira.

Foto: Meus olhos ainda não se acostumaram a ver crianças de 10 anos de isade já mães carregando bebes no colo. Quem sabe um dia minha cabeça ocidental deixe de me perseguir e eu consiga ver como normal este costume indiano......

 

Om Shanti

Incredible India! (slogan do governo indiano)


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2 comentários:

  1. Oi Sandrinha, que bom o filme ter vindo para o ocidente, assim poderei vê-lo. Quanto as crianças mães, realmente é muito triste, pois pulam fases importantes da vida. Acredito de todo meu coração que essa situação vai melhorar, mesmo porque, agora a Índia está se abrindo para uma nova fase econômica, com isso ela terá que mudar algumas coisas para melhorar sua imagem. Com a crescente luta em favor dos direitos humanos no mundo, a mulher indiana receberá força de outras nações para se libertar, conseguir nova educação, pois para acabar com machismo, precisa mudar a cabeça das mulheres primeiro. Com essa nova educação e respeito, elas poderão entrar no mercado de trabalho e devagar tornarem-se independentes. Estou na torcida por elas. Beijos no coração OM Shanti

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  2. FELIZ ANIVERSÁRIO, AMIGA!!!!!!!
    Desejo-te muitas felicidades, muita saúde e imenso AMOR!!!!

    Apesar de não comentar e ficar em silêncio, eu leio diariamente o teu "FABULÁSTICO" (palavra k eu inventei! :-)) BLOG

    Muis beijinhos e um xi-coração com muito carinho e amizade desta tua amiga portuguesa que te adora,
    Tayhta

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