19 de março de 2007

Shiva


Nâmaskar

Hoje temos a participação especial de Thakur Dasa dono da comunidade Shiva - Siva escrevendo sobre o deus Shiva. Veja abaixo o link da comunidade.

Shiva, o Asceta Sensual.

Shiva é um dos Deuses mais venerados por toda a Índia, suas histórias e lendas são recontadas por várias gerações nos lares hindus. Ele, assim como Brahma e Vishnu, pertence à Trimurti, ou “Trindade”, por isso Ele é bastante respeitado.

Shiva é um Deus de múltiplos nomes e títulos. A palavra “Shiva” (शिव) vem da raiz sânscrita “Si”, que significa “bom” ou “auspicioso”. Alguns exemplos mais famosos de seus nomes são: Mahadeva (Grande Deus), Maheshvara (Senhor Supremo), Pashupati (Senhor dos Animais), Mahayogi (O Asceta Supremo), Nataraja (O Rei dos dançarinos), Digambara (Aquele que possui o céu como vestimenta) e Bholanath (o Deus inocente).

Na Trimurti, Shiva é o responsável pela destruição, ele aniquila aquilo que não serve mais para que algo novo possa ser criado em seu lugar. Ele faz a “faxina cósmica” que deixa o ambiente preparado para uma nova criação, pois a visão hindu do universo é cíclica. Shiva é o responsável por destruir o universo e sobreviver após essa destruição. Sua posição é diferente da de Brahma, por exemplo, que após ter criado o universo, se torna uma presença subordinada, e de Vishnu que após a criação ser dissolvida se torna uma criança do tamanho de uma folha de figueira. Vishnu só volta a sua forma normal após Mahadevi, o aspecto feminino de Shiva, lhe fizer relembrar quem é e qual a sua função. Assim Vishnu criará Brahma, que dará início a um novo universo.

Shiva, nunca cresce nem diminui de uma forma para outra. Essa multidimensionalidade que lhe foi conferida é simplesmente única, Shiva está além de todas as formas! Como Nataraja Ele dança fervorosamente para destruir o universo, para aniquilar a ignorância e para o deleite de seus devotos.

Shiva é freqüentemente representado na forma do Lingam, um símbolo fálico feito de argila ou outro material com três linhas brancas horizontais, representado seu poder de fertilidade, o aspecto regenerativo do universo material. Essa é uma forma abstrata de adoração a esse grande Deus. O Linga representa o Deus sem forma, sem atributos, que é Shiva em sua forma mais transcendental: o indivisível, o onipresente, eterno, auspicioso, puro, essência imortal do universo, a alma imortal que reside no interior dos seres, o supremo Brahman.

Shiva é estático e dinâmico ao mesmo tempo, criador e destruidor, ele é o mais velho (Jyestha) e o mais jovem (Kanishta), ele é a eterna juventude assim como a infância. Ele é a fonte da fertilidade nos seres, ele possui formas gentis e ferozes, Shiva é o maior dos renunciantes e mesmo assim o melhor dos amantes. Ele destrói o mal e protege o bem. Shiva confere prosperidade aos seus adoradores sendo ele próprio um renunciante.

Shiva é inseparável de Parvati, a Deusa Suprema Shakti Devi. Não há Shakti sem Shiva e vice-versa. Shakti é o próprio Shiva na sua forma ativa. Os dois são um só, o supremo estado do Ser, Consciência e Felicidade.

O aspecto abstrato de Shiva é o controlador dos desejos humanos e representa o ‘Yogi’, aquele que transcendeu aos prazeres mundanos. Diz-se que Ele elimina Kama (desejo sexual), Moha (desejo material) e Maya (pensamentos mundanos) da mente dos seus devotos.

A morada de Shiva é o Monte Kailash, que fica no Tibet. Algumas escrituras falam desse monte como o centro do mundo. Acredita-se que Shiva reside no topo desta montanha, junto com sua sagrada família: sua esposa Parvati, seus filhos Ganesha e Skanda, e Nandi, o touro que utiliza como transporte. Alguns homens já conseguiram chegar ao topo do Monte Everest, o mais alto do mundo, mas mesmo assim, nenhum ser humano não-mitológico jamais conseguiu chegar ao topo do Monte Kailash.

A montaria de Shiva é o touro Nandi. Ele é o grande semeador, e representa a energia fecundante de Kama, o deus do amor. O touro que vagueia por todos os lados, ansioso por encontrar uma parceira, é a incorporação do impulso sexual. A maioria das criaturas vivas é governada pelos seus impulsos sexuais, elas estão submissas ao touro. Mas Shiva é o mestre da luxúria, ele domina o touro e por isso pode andar montado nele. Assim, a imagem de Shiva no topo do touro representa o desejo sexual sob controle, mas não enfraquecido!

Apesar de Shiva e sua consorte Shakti serem deidades criadoras, o verdadeiro motivo de sua união não é a procriação, mas a voluptuosidade e o prazer (ananda). Muitas lendas tratam somente dos passatempos amorosos de Shiva e Shakti. Os dois opostos, os pólos negativos e positivos, adquirem realidade somente quando se relacionam. Em outras palavras, a causa imanente do universo, substância, e criação, é o Desejo.

Shiva é um deus essencialmente familiar, paternal, adorado tanto pelos monges celibatários quanto pelos pais de família. É um Deus de muitas facetas, de muitos aspectos, e de muitos poderes. É ao mesmo tempo sensual, e austero; inocente e sábio; criador e destruidor; masculino e feminino; doce e feroz; transcendente e imanente. É o Deus dos opostos (a cara da Índia), é o Deus do Todo.

O autor desse artigo é Thakur Dasa, o dono da maior e primeira comunidade sobre Shiva no orkut (http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=84119). Participe desta comunidade e descubra mais sobre o poderoso deus Shiva.


Incredible India! (slogan oficial do governo indiano)

Om Shanti

3 comentários:

  1. Que bacana ter parceiros assim!!
    E esta Otimo este post!
    Super completo!!!

    bjkassss

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  2. bynina
    Muito bom!!!
    Parabéns pelo artigo.
    Grande abraço, Nina
    (comunidade Mitologia Indiana)

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  3. Amei! Leiga que sou, há poucos meses pesquisei sobre vários deuses hindus na Internet, mas achei tudo um tanto confuso. Não tinha visto um texto tão elucidativo como este, fiquei muito feliz pela oportunidade.

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