1 de setembro de 2006

Coca aqui não Cola


Nâmaskar

Matéria que saiu no jornal Valor Econômico de 29 de agosto, 2006:

Ásia - Kerala, governada pelo Partido Comunista, já proibiu Coca e Pepsi. Estado da Índia quer abolir uso de produtos Microsoft, Jo Johnson.

O governo comunista de Kerala, Estado no sul da Índia, deflagrou uma campanha para transformar seu território numa área interditada à Microsoft, menos de uma quinzena após ter proibido a venda e a produção dos dois simbólicos refrigerantes americanos: Coca-Cola e Pepsi.

Após voltar ao poder no Estado em maio, o Partido Comunista da Índia formou um governo de orientação marxista. Agora, as autoridades estaduais anunciaram um plano de três anos para combater o que afirmam ser o monopólio de poder da gigantesca companhia americana desenvolvedora de software de Bill Gates mediante o incentivo à rápida adoção de sistemas operacionais de fonte aberta em colégios e faculdades estatais. Os comunistas apóiam o governo central do primeiro-ministro Manmohan Singh.

“Haverá, possivelmente, algumas poucas pessoas que continuarão preferindo usar produtos Microsoft, mas a maioria deverá ficar livre desse entrave”, disse M.A. Baby, o ministro (secretário) da Educação estadual. “Não banimos a Microsoft, mas somos contra monopólios em qualquer área e incentivaremos vigorosamente o software livre.”

Neste mês, o governo de Kerala alarmou investidores estrangeiros ao impor uma proibição à produção e venda dos refrigerantes Coca-Cola e Pepsi, depois de um grupo ambientalista de Nova Déli ter alegado que eles continham níveis elevados de pesticidas. Seis outros Estados indianos também proibiram a venda desses produtos.

Segundo o plano de transição proposto, as crianças nas 12,5 mil escolas de ensino médio aprenderão a usar o Linux, em vez do Windows, num revés para as ambições da Microsoft no mais avançado Estado indiano em termos de sistema educacional. A taxa de alfabetização em Kerala disparou para mais de 90% em 2001, em relação aos 55% registrados em 1961, e em comparação com a média nacional de 65% para a Índia.

“Kerala pode ser um Estado pequeno, mas é um mercado alvo crucial para nós, assim como para qualquer outra companhia em operação na Índia”, disse Rohit Kumar, gerente nacional para o setor público na Microsoft na Índia. “Respeitamos as decisões de nossos consumidores, mas acreditamos estar oferecendo produtos a preços bastante acessíveis a instituições educacionais.”Sanjiv Kataria, um consultor que atua no setor de informática, disse que o estímulo ao uso de software de fonte aberta em Kerala é motivado tanto por uma escassez de recursos financeiros como por antipatia ideológica à Microsoft. “Dinheiro é um recurso escasso no Estado, e a alternativa é adiar o avanço em ensino auxiliado por computador.”

Executivos da Microsoft, que vem tentando reprimir a desenfreada pirataria de software na Índia, disseram não haver, hoje, “nenhuma diferença significativa” de preços entre os produtos a empresa que vende a colégios e faculdades no país e os de softwares livres. A Microsoft vende o Windows XP Pro a instituições educacionais na faixa de US$ 25 a US$ 30 por computador pessoal, afirmou Kumar.

O sistema educacional é um mercado vital para a Microsoft na Índia, num país que fixou a meta de treinar 200 mil professores e 10 milhões de estudantes nos próximos cinco anos.Ravi Venkatesan, presidente da Microsoft India, diz haver uma “grande oportunidade para empresários que descobrirem como capturar uma pequena fatia” dos gastos previstos para o setor educacional indiano.

A Índia é hoje um dos mais importantes desenvolvedores de software no mundo. A disseminação sistemas operacionais livres no país pode ser ainda um incentivo ao desenvolvimento de mais aplicativos para esses programas.


Incredible India! (slogan do governo indiano)

OM Shanti

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