29 de abril de 2006

Marcelo Panhoca - O Viajante




Nâmaskar

O relato abaixo é do querido Marcelo Panhoca (mais que um amigo, um verdadeiro irmão).

Em Cumbica, embarquei para o desconhecido............. iniciava ali minha viagem em direção a um sonho que tinha desde os tempos de adolescência. Iria conhecer a Índia e o Nepal.

Estava tão ansioso que até a gastrite me atacou. Gastrite que só piorou devido a muitos copos de “Kingfisher beer”, a muitos maços de “bidis” e a grande quantidade de “samosas” que comi no decorrer dos meus 44 dias de Índia.

Quando cheguei ao aeroporto de Nova Delhi, tantas horas de vôo depois estava tão elétrico que me sentia uma criança........ fui amparado pelo carinho da Sandra e de seu esposo.

Já no primeiro dia fui visitar um templo Sihk e outro hindu na companhia da Sandra e do marido.................não conseguia dormir....................estava agitadíssimo e feliz.

No decorrer da viagem visitei além de Delhi, Varanasi, Sarnath, Khajuharo, Orcha, Gwalior, Agra, Fathepur Sikri, Jodhpur, Jaisalmer, Udaipur, Ranakphur, Jaipur e Mumbai.

Vivi experiências tão especiais que ainda hoje, entre um sonho e outro, me pego recordando.
Posso afirmar que os acontecimentos que mais me marcaram em minha estada na terra de Gandhi foram:


Os amigos que conheci, os lugares que visitei, meus três dias de dromedário no deserto de Thar, o “tali sistem”, as fortalezas de Meherangar (em Jodhpur) e de Jaisalmer, o Pichola lake em (Udaipur), O Taj, é claro e muito mais.............

Nesta mesma viagem, que no total durou seis inesquecíveis meses, estive em outros países, como Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja entre outros. O único país que me proporcionou o mesmo impacto que a Índia foi o Nepal....... o impacto em questão diz respeito às diferenças culturais, às cores e sabores, a aparência e costume do povo, enfim ao astral.

Amei meus dias de Índia. Claro que passei por dificuldades. No começo da viagem falava mal e porcamente o inglês................. agora só falo mal..........he he he....... o que atrapalhou um pouco, mas as palavras foram fluindo, minha segurança foi crescendo e minha simpatia pelo país também.

Se me choquei com a pobreza de Mumbai, me encantei com a paz de Orcha e suas fortalezas. Se foi desesperador chegar a Varanasi às 03:00 a.m., foi aconchegante contemplar o pôr-do-sol no Lago Pichola..........

Vivi intensamente cada dia da viagem. Isso eu garanto!

Ao voltar ao Brasil dia 01.05.04 minha vida não seria mais a mesma...............

Namastê!

28 de abril de 2006

Original em inglês


Namaskar

Quero deixar claro que NãO fui eu quem escreveu a matéria sobre o sacrfício tântrico.
Foi uma reporter indiana correspondente da BBC.

Eu NãO fico sentada aqui com imaginação fértil criando estórias nojentas como esta. Eu me limito somente a repassar e dar minha opinião.

Vocês ha centenas de kilometros daqui ficam chocados, imaginem o que é para mim ter que conviver com isso aqui tão perto e dia-a-dia.

É triste ver a realidade indiana toda vez que eu ponho o pé pra fora de casa. E mesmo sofrer com a falta de luz e água dentro de casa. Ver gente mutilada pela lepra em cada esquina etc.

Infelizmente o tantrismo aqui atualmente e já há anos é algo do mau. Muito ruim mesmo, e muito longe da explicação dada pelo Júlio. É triste ver como tudo é deturpado em benefício do interesse de uma minoria.

Em fim, quero agradecer a participação de todos e dizer que fico muito feliz ao ver vocês comentando o comentário uns dos outros.

Jaya

Sandra


Horror of India's child sacrifice

By Navdip Dhariwal BBC correspondent, northern India

Akash's mother found her son's mutilated body

In India's remote northern villages it feels as if little has changed. The communities remain forgotten and woefully undeveloped, with low literacy and abject poverty.
They are conditions that for decades have bred superstition and a deep-rooted belief in the occult.
The village of Barha in the state of Uttar Pradesh is only a three-hour car drive from the capital Delhi. Yet here evil medieval practices have made their ugly presence known.
Lured with sweets
I was led by locals to a house that is kept under lock and key. They refuse to enter it.
"They [the tantrics] play on people's fears and superstitions - it is crazy"
S RajuCampaigning journalist
Peering through the window bars you can see the eerie dark room inside, with peeling posters of Hindu gods adorning the walls and bundles of discarded bed clothes.
In one corner is the evidence we had come to find: blood-splattered walls and stained bricks.
It is the place where a little boy's life was ritually sacrificed.
Those who tortured and killed Akash Singh did so in a depraved belief - that the boy's death would offer them a better life.
"The woman who did this was crazed," the villagers say. "Akash was friends with all our children... We still cannot believe what happened here."
Akash's distraught mother discovered her son's mutilated body. The family was told he was lured away with sweets and begged his captors to set him free.
"First they cut out his tongue," his grandmother Harpyari told me. "Then they cut off his nose, then his ears. They chopped off his fingers. They killed him slowly."
'Profiting from fear'
The woman who abducted Akash lived just a few doors away. She claimed to be suffering from terrible nightmares and visions.

Those suspected of killing Akash Singh are in jail
It was then she turned for guidance to a tantric, or holy man. It was under his instruction that she brutally sacrificed the boy - offering his blood and remains to the Hindu goddess of destruction.
There are temples across India that are devoted to the goddess. Childless couples, the impoverished and sick visit to pray that she can cure them.
Animal sacrifice is central to worship - but humans have not been temple victims since ancient times.
We were met with a hostile reception at the temple in Meerut. The high priest did not want us to see the ritual slaughter.
Tantrics like him clearly have an overwhelming grip on their followers. Often they are profiting from people's fears. In extreme cases others have instructed their followers to kill.
Crackdown campaign
S Raju is a journalist for the Hindustan Times and has been reporting on child sacrifice cases since 1997 in western Uttar Pradesh. He has reported on 38 similar cases.
In one incident he says a tantric told a young man that if he hanged and killed a small boy and lit a fire at his feet the smoke from the ritual could be used to lure the pretty village girl he had his eye on.
He has been campaigning for a crackdown on the practice of tantrics, alarmed at what he has seen.
"The masses need to be educated and dissuaded from following these men," he said. "They play on people's fears and superstitions - it is crazy."
Unreported
We visited the jail where those accused of murdering Akash were being held.
The prison warden told us of over 200 cases of child sacrifice in these parts over the last seven years.
He admitted many of the cases go unreported because the police are reluctant to tarnish the image of their state. He told us incidents of child sacrifice are often covered up.
Many of those killers are behind bars - but, chillingly, others poisoned by the same sinister beliefs remain at large.

OM Shanti

Mundo Estranho (Revista)



Namastê

Abaixo você encontra as respostas originais que forneci ao jornalista Tiago Jokura da revista Mundo Estranho. Uma revista da Editora Abril dedicada ao público jovem.

Em janeiro deste ano saiu na revista uma pequeníssima parte dessa entrevista na página 64 como você pode ver na foto. Muitas partes do artigo da revista são informações NãO fornecidas por mim; a entrevista original segue abaixo.

Revista: MUNDO ESTRANHO

BALADA QUE PEGA
Você pode me informar nomes de bares, lanchonetes oudanceterias em que o pessoal costuma se reunir (seriabem legal saber quanto custa a entrada, em que cidadeficam e tal...)?
Café Coffee Day, Barista, MacDonald’s são lanchonetes espalhadas pelas grandes cidades indianas como Delhi, Mumbai, Bangalore, e que fazem MUITO sucesso com a rapaziada. Danceteria temos aqui em Delhi a Agni, custa 1200 Rúpias; Athena custa 1000 Rúpias; The Supper Factory custa 400 Rúpias; Orange Room custa 1000 Rúpias; Turquoise Cottage custa 800 Rúpias; My Kind of Place custa 1200 Rúpias; Buzz custa 800 Rúpias; DV8 custa 1600 Rúpias. Desculpe mas não conheço danceterias fora da grande Delhi.

DA BOCA PRA FORA:
Tem alguma gíria em hindi que literalmente signifiqueuma coisa, mas na gíria tem outro sentido? porexemplo, como no nosso "puxa-saco" que quer dizerbajulador ou "pão-duro" que quer dizer avarento...
Vou ficar te devendo essa. Mas os jovens gostam mesmo de falar em inglês, especialmente inglês Americano.

DA BOCA PRA DENTRO:
Ouvi falar de um tal Maharaja Mac... seria um sanduíche do McDonald's? o que vai nesse lanche equanto custa?
Chama-se Chicken Maharaja Mac e custa 59 Rúpias. É feito de frango grelhado e possui 2 andares tipo Big Mac aí no Brasil. Tem queijo, salada e um molho indiano muito bom!!! Temos ainda aqui o Filet-O-Fish que custa 49 Rúpias e é igual o nosso Mac Fish aí no Brasil. Mas esses lanches de peixe e frango não vendem tanto quanto o McAloo Tikki que é feito de batata e custa só 29 Rúpias. Lembre-se que a maioria das pessoas aqui são vegetarianas. Além dos lanches o MacDonalds aqui tem os WRAPS e a Veg. Pizza McPuff que é uma pizza fechada vegetariana e custa 19 Rúpias. O wrap vegetariano custa 45 e o de frango custa 55 e são na verdade um sanduíche enrolado na forma de um cilindro. O lanche Feliz custa 55 Rúpias e vem com um brinquedinho grátis pra criançada, igual como ai no Brasil. O sorvete e os milkshakes são horríveis e intragáveis. Falta leite, açúcar, chocolate, em fim são de péssima qualidade.

Existe algum salgado/lanche típico aí da Índia, doestilo do pastel, esfiha, torta? Estou perguntandoporque quero saber se existe algum prato daí que amolecada come na rua quando quer tapear a fome... meinforme o preço também, por favor...
Opa, o que não falta aqui é “street food”, saborosa e barata. A mais famosa e preferência nacional é a SAMOSA, Uma casquinha dura feito a de pastel recheada de batata, ervilha e amendoim. Temos ainda o Bhel Puri, uma salada coberta por molho de iogurte e molho de tamarindo com biscoitinhos salgadinhos; Kathi Roll feito de queijo fresco, carne de bode ou frango é um sanduíche enrolado em forma de cilindro; Paani Puri são casquinhas recheadas com purê de batata e muito molho de tamarindo. Pao Bhaji é batata amassada com limão e manteiga que acompanha um pedaço de pão com manteiga na chapa. Em geral todos custam por volta de 20 Rúpias cada e mata a fome!

HIT PARADE:
Quais são os principais músicos de Bhangra,atualmente?
Bhangra é uma música típica do norte da Índia e só faz sucesso mesmo com o pessoal do norte e com os indianos que moram em Londres. Fora isso ninguém curte bhangra. Os músicos são: Shazia Manzoor, Alaap, Amar Singh chamkila, Ranjit Mani, Bhinda Jatt, Kuldip Manak e muitos outros.

CONTROLE REMOTO:
Você pode mencionar quais os canais de TV indianospreferidos pelos jovens? e as novelas indianas, existem? fazem sucesso? dá pra mencionar e comentar alguma?
Sim há novelas aqui mas a moçada não assiste de jeito nenhum. Aqui novela é coisa de velho. As novelas não são nada como ai no Brasil, não fazem sucesso e são mesmo só para donas-de-casa de baixa instrução. As donas-de-casa classe média preferem assistir aos filmes indianos ou americanos que passam na TV. As novelas duram vários anos e são de somente meia hora.
Cada comunidade aqui tem seu próprio canal de TV, ou seja, temos canais em bengalês, em hindi, em urdu, em malalian, em marathi, em gujrati, em punjabi, em tamil etc. Cada comunidade assisti ao seus canais embora TODOS estejam disponíveis na TV. É canal que não acaba mais aqui impressionante!!! Mas altamente democrático também.
Os jovens preferem os canais em inglês tipo HBO, Star Plus, Star Movies, National Geographic, Travel & Living, Fashion TV, Star World e Discovery.


Om Shanti

26 de abril de 2006

Sacrifício Tântrico



Namastê

A reportagem abaixo NãO fui eu que escrevi, é da indiana Navdin Dhariwal correspondente do norte da Índia para a BBC de Londres. Esta notícia me foi enviada por uma amiga brasileira e leitora do blog. Obrigada minha querida!

O Horror dos Sacrifícios de Crianças na Índia

Nas vilas remotas do norte da Índia nada mudou. As comunidades continuam esquecidas, não desenvolvidas, analfabetas e em miséria profunda.

Eles são muito supersticiosos e acreditam no oculto.

A vila de Barha no estado do Uttar Pradesh fica a três horas de carro da capital do país, Nova Delhi. Mesmo assim suas práticas medievais diabólicas tem mostrado sua face.

Atraído com doces

As pessoas locais me levaram à uma casa que fica trancada com cadeado. Eles recusam-se a entrar.

Olhando pela fresta da janela da pra ver no quarto escuro posters de deuses hindus nas paredes e roupas de cama jogadas.

Em um canto vejo a evidência que vim buscar, sangue espirrado nas paredes e tijolos manchados.

É o local onde a vida do pequeno menino foi ritualmente sacrificada.

Aqueles que torturaram e mataram Akash Singh acreditam que a morte do garoto lhes dariam uma vida melhor.

A mãe de Akash descobriu seu corpo mutilado. Alguém contou para a família que ele foi atraído com doces e que implorou para ser libertado.

Inicialmente eles lhe cortaram a língua .... (desculpe mas não vou escrever os detalhes macabros da mutilação do menino vivo, Indi(a)gestão), Eles o mataram lentamente.

Ganhando com o medo

A mulher que raptou Akash mora poucas casas de distância. Ela disse que estava sofrendo de terríveis pesadelos e visões.

Então ela procurou a ajuda de um homem santo tântrico. Foi por sua instrução que ela sacrificou o menino – oferecendo seu sangue e pedaços ao deus hindu da destruição.

Sacrifícios de animais é muito comum nos templos, mas sacrifício humano não tem ocorrido há muito tempo. (discordo, pois nos 6 anos que moro aqui já soube de outros 2 casos, Indi(a)gestão)

Os sacerdotes hindus em Meerut nos tratou com hostilidade pois eles não queriam que víssemos o ritual de sacrifício. Os tântricos (praticantes de Tantra) dominam muito seus seguidores. Eles lucram com o medo das pessoas.

O jornalista S. Raju do Hindustam Times vem fazendo reportagens em Uttar Pradesh desde 1997 e já reportou 38 casos similares....ele tem feito campanha pelo fim da prática do tantrismo....

Na prisão onde estão os acusados do assassinato de Akash informa que nos últimos sete anos houveram mais de 200 sacrifícios como este nessas bandas.

Ele informa que muitos casos não são reportados pois os policiais recusam a estragar a imagem do estado (Uttar Pradesh). Ele diz que comumente estes casos de sacrifícios são escondidos.

Alguns dos assassinos foram presos mas há ainda muitos soltos.

Estão chocados, não sabiam disso? Há tantas coisas da Índia que vocês não sabem...

Um detalhe que a jornalista indiana não contou é que são usados somente meninos em sacrifícios, pois meninas não servem pra nada mesmo! (ainda bem)
Quem tem filho tem que tomar MUITO cuidado!!

Os praticantes de tantra tem hábitos e rituais bizarros como beber em cuia feito de cérebro humano, sentar-se sobre corpos de defuntos e fazer lá só Deus sabe o que com o corpo, sexo coletivo (suruba), beber sangue e MUITAS outras coisas!!!! Mas não vou escrever sobre isso não. Quem quiser conhecer que venha ver com seus próprios olhos aqui na “espiritualizada” Índia.

Incredible India! (slogan do governo indiano)

Om Shanti

25 de abril de 2006

Parikrama


Namastê

Sábado passado (22/04/2006) realizei um sonho com as agradáveis companhias de 2 novos e lindos amigos. Nada melhor do que poder compartilhar com pessoas especiais a realização de um sonho!!!

Era um sonho bobo, simples, nada de especial, mas que demorou mais de 1 ano para ser realizado e confesso que sinto neste momento uma felicidade quase infantil, como uma criança quando ganha um novo brinquedo!

Após mais de 1 ano de espera, fui finalmente ao restaurante giratório Parikrama!!!

O Parikrama é o mais alto restaurante giratório da Índia e o único de Delhi.
Ele fica no 24º andar do Antariksha Bhawan na 22 Kasturba Gandhi Marg, no CP (Connaught Place).

Foi minha primeira experiência gastronômica em um restaurante giratório e confesso que ADOREI!!!

A comida não é boa, e pra dizer a verdade não é nem média, e o serviço também não é bom. Eu pedi um segundo refrigerante que nunca veio e acabei pedindo então uma garrafa d’água para outro graçon. Mas o fato do restaurante girar é MUITO "giro" como dizem meus amigos portugueses!!!!

Vou te dar uma sugestão, primeiro faça o city tour por Delhi e só depois vá ao Parikrama; assim você poderá identificar lá de cima os pontos turísticos que você visitou e saber do que se trata.

Outra dica é ir para o almoço ou um lanche a tarde, pois de noite pouco se vê.

Eles tiveram o cuidado de colocar placas e setas indicando o que você deve observar pela janela.

De lá de cima da para ver todo o CP (no momento em reforma), a Jama Masjid (a maior mesquita da Índia), o Lal Qila (Red Fort), o Yamuna river (rio Yamuna), o Jantar Mantar (observatório astronômico gigante), o Pragati Maiden (Feira de convenções), a esplanada dos ministérios e muitos outros pontos de interesse de Delhi. É muito legal!!!

Como você já sabe eu amo Delhi e para mim foi maravilhoso poder vê-la de cima!!!

A rotação completa leva 90 minutos, mas lógico que ficamos mais que isso; até porque, cadê coragem pra sair da poltrona fofa e do ar condicionado e enfrentar o calor de 38ºC lá fora!!

Incredible India!

Om Shanti

24 de abril de 2006

Indi(a)gestão é Tudo de Bom


Namastê

É com muita alegria que comunico a você o comentário simpático que meu colega blogueiro Jackson Ângelo fez ao Indi(a)gestão.
Segue abaixo o que ele pensa sobre o blog ...

"Adorei este blog. É totalmente sobre a Índia: o único blog em português com notícias da India. É bom aprender a beber e comer o que um grupo de pessoas consegue ver, sentir, captar de uma cultura tão diferente da nossa. O índice de novidade, reflexo do MEU próprio desconhecimento, é bastante alto. Nada como um blog, que fala como um ser humano, sem a técnica jornalística, ou o pragmatismo científico de um livro de geografia ou história (claro que estas leituras são imprescindíveis). Mas o modo de fazer de um blog traz a realidade mais para perto dos nossos olhos do que uma televisão. Obviamente, é bom não cair na tentação da crítica fácil, do julgamento precipitado, isto em qualquer situação, averiguar o que se diz, como se diz, e isto é o que devemos fazer sempre com qualquer fonte de informação, seja jornal, rádio, televisão, Internet, etc. O "indi(a)gestão" é editado por Sandra, com auxílio de vários participantes. Não há o que destacar em especial, porque tudo chama atenção, tudo se torna especial. É minha modesta opinião."

Não estou postando isso pra me “exibir” não, estou postando para que vocês todos vejam como o nosso blog é realmente NOSSO! A participação de vocês é fundamental e essencial para a boa qualidade e legitimação do nosso trabalho.
Espero que nosso blog continue cada vez mais NOSSO!!!

Afinal, este além de ser o melhor blog com notícias da Índia em português, é o único blog coletivo, onde todos somos importantes.

Em 9 meses de existência o Indi(a)gestão já conta com mais de 7 mil visualizações!!!!!! Tudo isto graça a vocês e sua inesgotável sede de conhecimento pela Índia.

Obrigada do fundo do coração minhas queridas e queridos leitores!!!

Mas confesso que o mais gostoso disso tudo foi ter me tornado amiga pessoal de muitos de vocês, mesmo que somente via orkut e e-mail!!!

Divulgue do nosso blog junto a seus parentes (irmãs, primas, filhos etc), amigos, colegas de trabalho e/ou escola.


OM Shanti

21 de abril de 2006

Mais Uma


Namastê

Estou escrevendo para dar a triste notícia de que mais uma turista estrangeira foi estuprada. Desta vez foi uma mocinha japonesa de 20 anos.

Os homens indianos são incivilizados, são dos tempos das cavernas!!! Que coisa feia!!!

Se você for jovem, branca e estiver viajando sozinha (estilo mochileiro) é com certeza um alvo fácil, e os indianos não irão poupa-la. Não precisa ser bonita e magra, pode ser feia e gorda; o que eles querem é ter sexo com uma estrangeira branca.

A estatística indiana de estrupo é a seguinte:

Acontecem 2 estupros por hora aqui, ou seja, 1 esturpo a cada 1/2 hora.

Uma em cada 5 vítimas são crianças.

A pena máxima para estupro é de 10 anos, mas no geral o estuprador pega de 7 a 8 anos.

Pasmem, somewnte 15% dos estupradores são condenados, os outros 85% saem livres!!!!

A turista alemã estuprada no mês passado voltou para a Alemanha pois viu que aqui não ia dar em nada mesmo. Acabou tudo em massala.

É enorme o número de turistas japoneses que vem pra cá anualmente! Eles vem visitar os diferentes pontos turísticos relacionado a Buda e ao nascimento do Budismo.

Para quem ainda não sabe, Buda era indiano (nascido aqui mesmo na India) e de religião hindu.

Ele se revoltou com a divisão de castas e outras atrocidades praticadas no hinduismo e chutou o pau da barraca, abandonou a riqueza (ele era príncipe e rico) e foi buscar respostas existenciais e acabou se iluminando.

É interessante observar como muitas das práticas e rituais do budismo são originários do hinduismo, faz sentido, pois afinal ele era hindu.

Incredible India!

OM Shanti

20 de abril de 2006

Instrumentos Musicais Indianos


Namastê

Atendendo ao pedido da Daniela...

Olá Sandra? Jai Guru!
Gostaria muito se possível...que vc fizesse lá no blog uma matéria sobre a música indiana e como eles recebem a música ocidental! O que se ouve na Índia! Sei que essa matéria é extremamente complexa, mas tenho muita curiosidade.
Por exemplo:
a) Ouve-se mantras na rádio?
b) Eles conhecem algum músico brasileiro?
c) Conhecem a música erudita ocidental, existe apresentações de orquestras?
d) Pode falar um pouco sobre a música indiana clássica e popular?
e) Sobre as origens dos instrumentos indianos
f) Que tipo de música toca nas danceterias?
g) O que os jovens ouvem?
h) Quais os instrumentos mais tocados?
i) Há trabalhos semelhantes ao do Musicoterapeuta?
j)Ou qualquer outra informação ou curiosidade que vc queira acrescentar....

Daniela querida, aqui vai a postagem que você me pediu.

Com certeza a preferencia é mesmo pela própria música indiana, especialmente as em hindi relacionadas a algum filme (Hindi Pop). Música em outras línguas que não seja inglês não tem a menor chance por aqui.

a) Não se ouve mantras nas rádios não. O máximo que se consegue ouvir são canções religiosas (bhajans). No entanto, há diversos canais de TV dedicados ao hinduismo.
b) Eles não conhecem nenhum músico brasileiro, eles conhece somente a música Aquarela do Brasil que é bastante popular e toca em quase todas as festas de casamento e é inclusive usada em telefones celulares.
c) Música erudita ocidental é raridade por aqui, mas alguns já ouviram falar em Mozart devido ao filme Amadeus.
d) A música indiana clássica é dividida em instrumental e vocal. Eu gosto da instrumental mas não aprecio a vocal pois é muito estranha para meus ouvidos pouco musicais. A música popular geralmente está relacionada a algum filme, seja em qual língua for, mas as músicas em hindi são as mais conhecidas a nível nacional.
e) Nada sei sobre a origem dos diversos instrumentos indianos.
f) Não sei que tipo de música toca nas danceterias pois nunca fui a uma.
g) Os jovens ouvem música americana e muita música pop indiana.
h) Os instrumentos indianos mais tocados são tabla, sarod, citara, tampura, sehani, harmônio e flauta.
i) Musicoterapia não existe aqui e eu não conheço outro trabalho que seja semelhante.
j) Sou desprovida de dotes e ouvido musical, além de ser leiga no assunto. Sei somente que a escala musical indiana é diferente o famoso do-re-mi-fa-sol-la-si.

Há um instrumento chamado Ektara que possui somente uma corda da qual o músico consegue extrair uma melodia simpática de que eu gosto.

Há muitos instrumentos musicais por aqui vou dar o nome de alguns deles: Veena, taos/taus, Dilruba, esraj/israj e outros que já caíram no esquecimento e ninguém mais toca (e nem conhece).

A sala exibindo instrumentos musicais no museu nacional em Kolkata estava fechada quando estive lá. Sinto muito não saber mais sobre esta área Daniela.

OM Shanti

19 de abril de 2006

Silvia e Ana, na India


Namastê

Oba, fico feliz em saber que o blog inspira vocês!!


Aqui vai a participação da Ana e da Silvia para o Indiagestão. Elas vieram para ficar 6 meses mas so aguentaram ficar 1 mes.

Um mundo diferente

Quando a Sandra nos pediu para escrever nossa opinião sobre a Índia, confesso que ficamos um pouco assustadas. O que escrever sobre um país tão diferente e “estranho” aos olhos ocidentais.
Bem, leitores do Indiagestão, para nós a Índia é um país de contrastes, surpresas e choques a cada olhar. Até aí, nada de novo! Mas é estando lá e convivendo com o povo indiano que essas características se tornaram reais. A cultura tão diferente, a alimentação, os idiomas, as vestimentas, os hábitos enfim, tudo, absolutamente tudo, nos é dado de presente para aprender mais sobre a humanidade e assim, respeitar as diferenças.

Não é um país fácil para se visitar. Esqueçam as mordomias de qualquer outra viagem, as facilidades para os visitantes e a tranqüilidade das férias. A Índia não dá tréguas aos que se aventuram por lá. O dia-a-dia é conturbado e cheio de dificuldades, no se fazer entender, no driblar o assédio dos indianos que sempre querem negociar uma mercadoria ou um serviço, na alimentação muito distante dos nossos padrões, nas camas duras de fribra de coco, no calor escaldante e nos cuidados com a saúde e higiene, só para citar alguns.

Nossa viagem foi dedicada a conhecer o país e sua gente. Mas a Índia nos ensinou muito mais, nos ensinou a superação de limites, estar abertas a descobertas e a muita diversão.

Ana Paula Dini e Silvia Lenzi
Jornalistas e escritoras
anadini@uol.com.br
s.lenzi@uol.com.br

Foto: (da esquerda para a direita) Silvia, Sandra, Ana


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18 de abril de 2006

A Mãe de uma Nação


Namastê


Paquistão é um país vizinho e até agosto de 1947 não existia, foi criado quando da independência da Índia. Uma parte do território indiano doado para que se formasse então mais uma nação islâmica. O atual presidente do Paquistão é um indiano nascido aqui em Delhi!!!

The New York Times

02/04/2006

A Mãe de uma Nação

Nicholas D. Kristof, do The New York Times


MEERWALA, Paquistão – Não sei se jornalistas sentiram isso quando estavam perto de Gandhi ou Martin Luther King Jr., mas quando estou ao redor de Mukhtar Mai sinto a presença de grandiosidade.

Mukhtar, que também atende pelo nome de Mukhtaran Bibi, é a jovem camponesa – ela não sabe exatamente quantos anos tem – que três anos atrás foi estuprada por uma gangue por ordem de um conselho tribal local. Ao invés de se matar, como era esperado de qualquer mulher com auto-respeito, ela processou os atacantes, usou o dinheiro da indenização para fundar escolas, e começou uma revolução em toda a nação para obter mais direitos às mulheres.

Todo dia, pobres e desesperadas mulheres e garotas com bochechas molhadas de lágrimas chegam nesta remota e empobrecida vila, procurando santuário. Cada noite, até uma dúzia delas dormem no chão do quarto de Mukhtar, ao lado dela. (Ela deu sua cama ao diretor do colégio que ela fundou aqui).

Uma visitante é uma amável garota de 7 anos que se decompões em enormes e desoladores choros enquanto conta como o servidor de uma família rica a estuprou, e como a família rica, então, ameaçou matá-la, e sua família, a menos que ela desistisse da acusação.

Então há Fauzia Bibi, uma mulher de 30 anos que foi estuprada e torturada por oito homens durante dois dias como punição para sua família, porque seu tio supostamente teve um caso com uma mulher do clã dos atacantes. Estes ameaçaram matar toda a família dela a menos que ela desminta.

Inspiradas por Mukhtar, estas mulheres estão com o pé firme. Estão arriscando suas vidas – e, em angústia, daqueles que amam – para processar os atacantes. É uma lição de coragem e civilidade que nunca esquecerei.

“Enquanto estiver viva, irei adiante com o caso”, disse Shabana Mai, a mãe da garota de 7 anos. “É claro, se eles cortarem minha cabeça, não há nada que eu possa fazer”.

Mukhtar arruma assistência legal para estas mulheres, as coloca em contanto com grupos de assistência, e olha para suas outras necessidades. Uma mulher chegou sem nariz; cortar fora o nariz é uma tradicional maneira paquistanesa de punir mulheres. Mukhtar arranjou três operações cirúrgicas e, acima de tudo, o processo dos homens que fizeram isso.

Com sua fé no civilizador poder da educação, Mukhtar também vai porta à porta e persuade pais a mandarem suas filhas para sua escola. “Às vezes eu vou fazer um acordo com os pais – direi a eles, ‘mande duas de suas filhas para minha escola, e eu deixo você manter duas outras em casa’”, explicou ela.

A escola vai até a quarta série, embora ano que vem incluirá também a quinta série. A estrela acadêmica é Sidra Nazar, menina de 9 anos que fica em primeiro lugar na quarta série.

Mas um mês atrás, os pais de Sidra a tiraram da escola. Seu clã estava em disputa com outro, e para resolver a questão ela foi oferecida como noiva para um homem de 20 anos do outro clã. Escandalizada, Mukhtar foi aos pais de Sidra e armou um escândalo.

Sua intromissão enfureceu os pais de Sidra, mas eles largaram os planos de casamento, e Sidra voltou à escola. “Eu quero ser médica”, ela me disse. (O vídeo de Mukhtar, Sidra e sua escola pode ser visto no www.nytimes.com/kristof).

Eu tive a honra de me dirigir à cerimônia de graduação da escola de Mukhtar. (Eu não consegui nenhum diploma honorário, talvez porque Mukhtar pensou que eu fosse ficar ofendido por ser um honorário da quarta série). Mas outro orador, um ativista dos direitos humanos chamado Khalid Aftab Sulehri, disse seu melhor: ele descreveu Mukhtar como “a mãe da nação”.

É isso que eu acho tão inspirador sobre esta mulher. A sua é uma das piores e mais sórdidas histórias que se pode encontrar, e mesmo assim – por intrépida coragem, pela mágica do espírito humano – ela se transformou em uma elevada visão de esperança.

Minhas últimas duas colunas recontaram a história de Aisha Parveen, uma jovem paquistanesa que escapou de um bordel na qual estava aprisionada por seis anos. As cortes estavam ameaçando enviá-la de volta ao dono do bordel, que planejava matá-la.

Nos últimos dias, tudo mudou. A polícia largou todas as acusações contra Perveen, e, ao invés disso, prenderam o dono do bordel sob acusações de seqüestro e tentativa de homicídio. O governo paquistanês está agora atrás de Parveen e dando a ela vigilância policial durante 24 horas, e ela está emocionada – e agradecida pelo apoio de tantos leitores.


Om Shanti

17 de abril de 2006

Depoimento da Roberta


Namastê

Aqui vai o depoimento da Roberta em relação a India. Ela antecipou a passagem e foi embora, portanto não teremos mais a participação dela, esta é sua última postagem.

Aproveito para agradecer a Roberta por sua participação no Indi(a)gestão e para desejar-lhe tudo de bom em outros e novos horizontes! Obrigada Roberta!!!!!

OM Shanti

"Bem, ... vou para Londres no dia 10, como diz a reserva da minha passagem. Pode parecer pouco, mas pra mim os relógios daqui tem ponteiros pesados demais pra saírem do lugar. Estou na casa do Mr. Kulim, .... A Índia é um mundo diferente demais pra se sentir em casa, mesmo hospedada em uma casa com pessoas que conhecem bem os hábitos do ocidente (eles me dão ate papel higiênico!!!!). Essa hospitalidade incomparável faz parte do karma dos hindus. Há umditado em sânscrito que diz que os convidados são deuses. E assim somos tratados, de fato. Apesar de, na maioria das vezes, ser muito dócil comigo, o povo indiano é a sociedade mais individualista com que já tive contato. Esse individualismo se traduz, inclusive, na forma dos cultos aos deuses. nada acontece em grupo, não há reuniões para rezar em uníssono. É tudo entre vc e o seu deus. Os votos são sempre pra pedir riqueza, como ensinam os livros sagrados. E, para isso, vale toda e qq estratégia: morte, corrupção, seqüestro, o que preciso for.
Quem duvidar pode conferir os métodos aplicados por Krishna para vencer a batalha dos 100 anos. Foi assim que ele, entre muitos outros, ensinou. A sensação que se tem é que só quem tem dinheiro merece respeito.Vocês devem estar imaginando "como se fosse diferente no Brasil ou no resto do mundo". Mas, é. O status aqui tem um poder como em nenhum outro lugar. As pessoas que te tratam como deuses e se dispõem a fazer tudo o que vc quiser são as mesmas que empurram, xingam ou sabe-la-mais-o-que- fazem com quem pede dinheiro na rua. Num país com mais de 1 bilhão de habitantes, 82% segue a crença de que quem nasceu em uma família rica e pq foi bom na encarnação passada.Quem foi ruim, nasce pobre ou em forma de animal (menos vaca e cobra, pq esses são manifestações de alguns dos milhões de deuses que eles tem). O sistema de casta foi descrito em um dos 3 livros sagrados do hinduismo e desde então tem sido uma das maneiras mais cruéis e eficientes de se manter o status-quo. Apesar de não ser mais tão rígido como antigamente, o sistema de união dos clãs de mesmas posses continua imperando por aqui. Chega a ser engraçado ver os anúncios nos jornais. Eles tem classificados riquíssimos para pessoas que procuram seus pares. Sim, casamentos arranjados ainda são muito comuns. São combinados até internacionalmente, com indianos que moram na Inglaterra ou nos EUA, via Internet. A hipocrisia impera nos anúncios. Coisas do tipo "Garoto de pele clara, bem estudado, de família rica e influente na política procura garota bonita, de boa família e de boa educação (de preferência, com experiência internacional) que esteja disposta a se casar. Casta não importa". Uhun. E assim as famílias reais e milionárias conseguem permanecer por tantas gerações no topo da enorme pirâmide.
Aqueles que se apaixonarem perdidamente por alguém de outra casta pode ter tido a sorte de ter nascido em uma família um pouco mais moderna que aceite pequenos degraus de diferença (coisa rara, mas foi o caso dos meus amigos Narem e Kushboo. Ela e classe media alta. Ele, classe media. Obviamente, seria diferente se ele fosse classe media baixa. Mas, enfim…) É difícil pensar que um pais onde as tradições ainda regulam o andamento das coisas possa ser apontado como uma potência num futuro próximo. O dinheiro arrecadado com a exportação de tecnologia e reaplicado tão somente na própria industria e nas pessoas do ramo, o que aponta para uma ainda mais trágica diferença social. A infra-estrutura básica falta, inclusive, para a classe media, o que se traduz em milhões e milhões de pessoas com problemas de água encanada, energia elétrica, atendimento medico e afins, já que o numero de milhonarios por aqui gira em torno dos 61 mil. O mais inacreditável, porem, e que ate hj ainda existe um grupo maoista nos estado de Bihar e Jharkhand, os Naxalites. Galera punk-rock, que acredita ser possível instiuir o comunismo e fazer a reforma agraria e, para tanto, saqueia trens, bancos e cidades inteiras. Imagino por quantas horas duraria a lei do fim da propriedade privada entre toda essa gente. Chega a parecer piada… Posso mensurar o tamanho do desespero desses que ainda lutam por uma sociedade menos desigual (não vou entrar no mérito de se essa e a melhor opção ou não, não e isso que estou falando). Mas, se não aparecer um novo líder para mudar o rumo da situação, não sei o que será daqui e do resto do mundo. Alias, essa e uma das muitas contradições que ainda não consegui entender. To lendo um livro de um autor indiano que tem me ajudado a entender um pouco mais do comportamento contraditório dessa gente. Mas nem mesmo ele soube explicar como, num pais com essa mentalidade, pode nascer um líder como Gandhi. (Gandhi lia a bíblia e segui os ensinamentos cristãos). Tido como o pai da nação, Gandhi prega uma vida espartana, sem luxo nenhum (o que significa uma esteira pra dormir, dois pares de roupa e alguns livros. e só.) para que se possa nascer uma sociedade justa e igualitária, em que não haja segregações e que os considerados "intocáveis" tenham os mesmos direitos do mais rico dos ricos. Não da pra entender. Perguntei para alguns amigos daqui como isso se explica. Eles me disseram que as pessoas seguiam os ensinamentos do Gandhi pq ele era um dos únicos indianos que eram ouvidos pelos ingleses e, portanto, a pessoa mais indicada para conseguir a liberdade do pais. Mas isso não significa que eles seguiam todo e qq ensinamento.
Na verdade, os indianos seguiram mesmo o principio da não-violência, uma vez que eles eram metralhados qdo tentavam atacar os ingleses com espadas. O resto, apenas algumas pessoas seguiram. Tive a sorte de ter contato com elas. O legado vivo de Mahatma, a ONG que funciona no Ashram em que ele morou, chamada Manav Sadnah. Lá, todos são bem-vindos. Voluntários e contratados se revezam no movimento de desescolarização (ensinando crianças a ler e a escrever na calcada, enquanto elas pedem dinheiro na rua), nas escolas que ficam dentro das favelas ou no atendimento médico de emergência. Também há um centro de informática para quem quiser freqüentar, com aulas gratuitas todas as noites. Assim como Manav Sadnah, há outras instituições maravilhosas tb.Obviamente, não teria agüentado três meses por aqui se tudo fosse só egoísmo e injustiça. O problema é que vim esperando encontrar muito mais dessa gente. Um conselho a quem pretende vir a Índia algum dia: venha muito, muito bem preparado. Leia livros que vão além da vida de Gandhi, matérias que falem mais do que terremotos, acidentes de trem ou pessoas indicadas ao Nobel da Paz, converse com quem já veio pra cá. Isso, sem dúvida, foi um dos meus maiores erros. Comecei a fazer a pesquisa pouco antes de vir, mas ouvi tanta coisa ruim que preferi chegar sem preconceitos e ter minhas próprias impressões do lugar. Munida apenas do meu inglês meia-boca, cheguei de coração aberto e cheia de planos que não foram concretizados. Por ser uma sociedade com valores e princípios tão diferentes, é muito difícil saber o que se deve ser mudado, o que se deve ser respeitado e como aceitar o inevitável. Como uma criança descobrindo seu espaço, fiquei observando passivamente tudo o que acontecia e preferindo conselhos de quem esteve mais tempo por aqui a seguir meus próprios instintos. A Índia pra mim foi uma batalha perdida pq parto sabendo que poderia ter feito muito mais por muita gente, mas o medo de ultrapassar esses tênues limiares não me permitiu fazer nada. De qq forma, foi uma grande lição. Uma experiência singular que me ensinou e repassou lições antigas (as quais contava ter usado por aqui, mas…).
De qq forma, não me arrependo em nada de ter vindo. Mesmo. Se pudesse voltar no tempo, mudaria meu comportamento, mas não meu destino. A Índia tb me proporcionou momentos incríveis. Ver de perto o Taj Mahal foi algo impar. Tive a magia de realizar um sonho nascido numa aula de geografia do cursinho, seis anos atras, ao ver com meus próprios olhos o brilho de Jodhpur, a cidade azul. Fiz amigos que vão durar pra vida toda (fui convidada, inclusive, para ser uma espécie de madrinha do casamento da Kushboo e do Narem, em dezembro próximo). Encontrar a Sandra, minha amiga brasileira do Orkut que mora em Delhifoi o ponto mais alto da visita a capital indiana. Por um dia, integrei a marcha dos Friends without Borders, um grupo de estrangeiros que agora está no Paquistão, entregando as crianças do lado de lá da fronteira cartas de estudantes de escolas indianas, com mensagens de paz entre as nações. Vi chover no deserto de Thar, enquanto esperava para fazer um safari de camelo, tomando uísque com o figura que alugava os animais… E ainda tem tanta coisa que eu queria ver. Kerala, West Bengal e tantos outros lugares lindos. Já estou programando a minha volta para um-dia-quem-sabe. Agora, sei que fará muita diferença se vier pra ca acompanhada, principalmente de um homem. Ah, sim! Isso foi um outro problema por aqui. Aqueles que conhecem pouco o ocidente acreditam que as mulheres que vem pra ca estão atras dos ensinamentos do Kama Sutra. Afinal, que pai de boa família permitiria sua filha pura e virgem a cruzar os mares sozinhas? Ser vista como uma vagina cheirando a sexo me causou muitos problemas. Xinguei em inglês, português, hindi e usei todos os artifícios que poderiam ser ofensivos. Portanto, uma dica a quem quiser visitar o subcontinente: venha, pelo menos, acompanhada de um homem. Se possível, venha em grupo. Se não, passe pelo menos uma semana em cada cidade. Como já expliquei, os convidados são deuses. E qdo vc tem tempo de se tornar uma convidada, o relacionamento com as pessoas do lugar faz toda a diferença. Bom, queridos, essas são minhas impressões do pais onde, como disse o primeiro dos primeiros ministros indianos, Jawharlal Nehru, e um "pacote de contradições unidas por fios fortes, porem, invisíveis". Querer entende-lo e muda-lo, mesmo que um pouco, tvz tenha sido muita pretensão…. O mais irônico é que, para responder as questões que o oriente me despertou, ainda me valho da máxima/clichê dita no berço da filosofia ocidental. Mais do que nunca, só sei que nada sei.
Um beijo grande e um abraço apertado, com toda a minha saudade"
Roberta

14 de abril de 2006

RESPOSTAS

Aqui vão algumas respostas às muitas perguntas que recebo:

Pedro: Nossa amigo, além de seguirmos um dos melhores Gurus indianos temos/tínhamos o mesmo sonho, conhecer o Peru e a Índia!!! Vc conheceu o Peru e eu a Índia!! Vc ainda planeja quem sabe um dia conhecer a Índia e eu o Peru!!!! Jai Guru!!

Quanto a problemas de roubos Pedro, aqui a coisa é bem mais amena do que no Brasil. Falar que não existe é ingenuidade, mas com certeza não dá nem pra comparar com o Brasil.

Aqui o mais comum é o lance “inocente” de alguém “bacana e decente” te oferecer alguma comida no trem. Vc curioso ou por educação aceita e come ... então dorme um profundo sono e quando acorda cadê suas coisas? Cadê o dinheiro, o passaporte, o cartão de crédito?????

Mas o mais comum mesmo é o que chamo de “roubo disfarçado”, ou seja, quando te cobram muito mais por uma coisa. Quem já veio a Índia sabe bem do que estou falando.

Sónia: Fico feliz que vc ainda lê o blog! Estou em contato com 3 pessoas maravilhosas de Portugal! Te respondendo, SIM, aqui tem MacDonalds sim, mas NãO tem hambúrguer de carne de vaca não; é proibido por lei! Só tem o de frango e o de peixe :- ( Aí que tristeza amiga!!! :- (

Elaine: Antes, até uns 3 anos atrás os estupradores não iam para cadeia não. A filosofia é sempre a de que a mulher é que atiça, dá mole e depois vem com essa de estupro. Como digo sempre, mentalidade dos tempos das cavernas. Não podemos esquecer que a 99% do judiciário todo é formado por homens e eles se defendem uns aos outros! Somente nestes 3 últimos anos que a mídia televisionada e escrita tem pego no pé do judiciário, é que eles começaram a dar de 7 a 10 anos de prisão pros estupradores.

Graça: O blog é gratuito, pelo menos para vocês! Eu por outro lado, gasto com eletricidade (que aqui é uma raridade) e com Internet (que custa cerca de 100 Reais por mês). Gostei muito de sua sugestão e quando nosso blog ficar muito pesado pra carregar, abrirei o Indi(a)gestão2, assim não precisamos deletar nossas postagens. Me doeu muito deletar cerca de 70 postagens!!!

Juliana: Case-se com o namorado indiano, mas não venha morar na Índia, assim vc não sofrerá nada e não precisará se adaptar.
Te respondendo: A qualidade de vida não é nem 15% do que eu esperava.
O que eu mudaria? Mudaria de país! Sinceramente não espero que 1 bilhão de indianos com mais de 5 mil anos de cultura mudem por minha causa. Eu tive que mudar a mim mesma, se não jamais teria conseguido morar aqui.

Outro dia respondo mais ...

FELIZ PASCOA!!!!



Quero desejar a todos uma linda e muito FELIZ PASCOA!!!

Aqui a Páscoa é celebrada somente no sul na India e por uma minoria cristã.

O mais triste mesmo é que não temos coelhinho e muito menos os deliciosos ovos de chocolate Buá buá buá buá :-(

O coelhinho não me ama mais :-(

Ele nunca mais me trouxe ovinhos de chocolate desde que vim morar aqui buá buá buá buá :-(

que esta Páscoa seja um verdadeiro renascer para todos nós!!!

FELIZ PASCOA!!!!!

13 de abril de 2006

Badulaques Femininos


Namaskar,

Sou como as chuvas de monções, tardo mas não falho. A Carla havia me pedido em janeiro deste ano uma postagem sobre adornos femininos indianos, ou em bom português, os badulaques que a mulherada indiana usa, então aqui vai ...

Não dá pra falar que a mulher indiana se enfeita como árvore de Natal porque aqui eles não são cristãos e não conhecem essa tradição de árvore de natal. Aqui elas se enfeitam mesmo como maharanis (feminino de maharaja). A filosofia geral é “quanto mais melhor” e “com mais brilho melhor ainda”!!! Este conceito de que brilho é só para a noite é coisa de ocidental.

Pés: Elas passam uma tinta vermelha nos pés chamada Laca que serve pra disfarçar os rachos nos calcanhares devido ao hábito de andarem descalças dentro de casa.

O anel no dedo do pé é privilegio somente da mulheres casadas, solteira não pode. No geral são de prata. Quando o marido morre não se pode mais usar. Aliás quando morre o dito cujo não se pode mais usar nada :(

Tornozeleira é tradição, todas tem e todas usam. As com guizos (sininhos) que fazem barulho são as mais pop. Coloca-se uma em cada tornozelo, aqui não tem este lance de por numa perna só não, tem que por nas duas! Também são no geral de prata. O problema é quando agente levanta de noite pra fazer xixi, é aquele barulho de chocalho e acorda todo muito. Quando se está fazendo outras coisas então nem me diga, é aquela chacoalhação toda rsssssssss me refira a dançar por exemplo; eita cabeça poluída a tua! Rssssssssss ;)

Os saris e as roupas tem que ser bem coloridas e de preferência com muito brilho (espelhinhos). Quando fui à Jaipur comprei um salwar suit com espelhinhos e guizos rssssss já pra detonar a boca do balão de vez!!!!! Aqui usar brilho não é só pra noite não, usa-se brilho a qualquer hora em qualquer lugar.

Agora elas começaram a usar calcinha e sutiã mas até 6 anos atrás quando aqui cheguei a xana era criada solta, rsssss. As que usam sari ainda hoje em dia criam a xana solta rssssssss

Colares e/ou gargantilhas em geral acompanham os brincos (conjunto). E por falar em brinco o pessoal aqui é punk, tem vários furos nas orelhas, eu com meus 2 furinhos em cada orelha sou “pobre”.

E já que o assunto é furo, aqui é a terra dos pircings de nariz. Foi aqui há muitos anos atrás que o lance de furar o nariz começou. Quase todas tem o nariz furado. Antigamente furava-se a membrana central, no meio do nariz e se colocava um pircing de argola; hoje em dia o furo fica do lado ESQUERDO do nariz e só o povo diferente lá do sul da Índia é que fura o lado direito. O legal mesmo é a mulherada do Rajastão que furam os dois lados!! O negócio é ter o nariz furado.

Bindi é aquele enfeitinho que se põem na testa entre as sobrancelhas, isto é normal todas usam.

Sindoor é aquele pó vermelho que se põem na testa também próximo ao cabelo e/ou na divisa do cabelo. Este pó vermelho só pode ser usado pelas mulheres casadas e faz parte do ritual de casamento hindu. Durante o ritual o marido põem o pó pela primeira vez na testa da mulher e isto significa que a partir daquele momento em diante eles estão casados. A mulher usará o pó vermelho até sua morte ou até ficar viuva.

As indianas ainda tem uns enfeites de cabeça (não é chifre não rssss) cujos nomes não me recordo no momento mas vou explicar.

Um é uma correntinha que se coloca no cabelo, no meio da cabeça e que acaba na testa. O outro é uma correntinha que vai do piercing do nariz até o brinco. E tem também os brincos com correntinhas pra prender no cabelo.

E naturalmente além de anéis para as mãos temos o famoso MEHENDI, ou seja, tatuagem temporária de hena. Elas adoram cobrir as mãos todas e antebraços com essas tatuagens e faz parte de qualquer festa importante como casamento etc. Só ao invés de tatuagens de dragão e tigre como tem ai no ocidente, as tatuagens lembram rendas, delicados bordados.

Pulseiras e braceletes nunca caem da moda por aqui, e mais uma vez, quanto mais melhor, nos dois braços, lógico!!

E aí ficou com vontade de se enfeitar a la indiana????

Incredible India!

OM Shanti

11 de abril de 2006

Khan em Cana!


Namaskar,

Tudo andava calmo por aqui e por isso mesmo eu aproveitei para postar coisas mais culturais, mas infelizmente a paz acabou.

Um enorme incêndio em uma feira/exibição de produtos eletrônicos levou a vida de pelo menos 100 indianos sendo a maioria mulheres e crianças. Pois é, por aqui não tem esta estória de mulheres e crianças primeiro não. Primeiro são os homens, mas isto já não me choca mais depois de 8 anos neste lugar; o que me choca é o motivo do incêndio.

Vê se você advinha??? Isso mesmo, curto-circuito e por que????? GAMBIARRA!!!!! Que novidade!

Mais uma vez a porcaria das instalações elétricas mal feitas e/ou ilegais leva a vida de alguém, neste caso de cerca de 100 pessoas. Este está sendo considerado o segundo maior incêndio em número de vitimas da Índia; o outro foi em 2004 quando 90 crianças viraram churrasco dentro de uma escola. E segue a falta de lei em relação as péssimas condições das instalações elétricas em geral neste país. Pense bem, se esses incidentes ocorrem até em hotéis 5 estrelas, o que dirá no resto ...

O ator Salman Khan foi pra cadeia pra cumprir seus 5 anos de prisão por ter matado um animal em perigo de extinção – um Chinkara. Mas esta não é a primeira vez que ele se mete em confusão. Salman Khan, um confesso usuário de drogas e álcool, também está sendo processado em outros 3 casos; a caça ilegal de dois black buck, o atropelamento seguido de morte de uma pessoa e o ferimento de 4 pessoas ao dirigir bêbado e drogado e por agressão, quando Khan agrediu seu inquilino para que ele se mudasse do apartamento que ele próprio havia alugado. Com certeza este ator não é nenhum bom exemplo para seus fãs!

John Abraham foi parar no hospital com torção no tornozelo esquerdo após ter batido com sua moto em dois rapazes que estavam numa bicicleta e ter causado um acidente. O polícia registrou um caso por direção negligente.

Os levantadores de peso indianos serão proibidos de participarem de competições pois todas as vezes que fazem o teste anti-dopping o pessoal está bombado; eles sempre testam positivo! Falta definir por quanto tempo será a suspensão.

Eu achei esta decisão ótima, pois todas as vezes que tem competição a Índia passa vergonha pois eles todos (homens e mulheres) tomam todos os tipos de químicos proibidos e os testes antidoping são sempre positivos e eles são desclassificados!

Como disse Rejane: “eles tem que tomar alguma coisa pois são fraquinhos, indiano é vegetariano, movido a chapati e massala”.

Agora que já começou o calor forte, há falta aguda de água e de eletricidade e logo começarão as epidemias de doenças tropicais, espero que vocês NãO venham para cá nesta época. Aguardem para vir somente no fim de setembro. Depois não vai dizer que eu não avisei heim!

OM Shanti

10 de abril de 2006

1ª DELHI



1ª Delhi

A primeiríssima cidade de que se tem notícia aqui foi INDRAPRASTHA, imortalizada no grande épico indiano MAHABHARATA.

Eu confesso que li a versão resumida deste épico. Ele é muito grande, uma espécie de Os Lusíadas de Camões. O que interessa é que Indraprastha existiu de verdade há 3000 mil anos atrás.
Atualmente não resta quase nada de Indraprastha, há somente umas pequenas escavações no sítio arqueológico que fica dentro do Purana Qila.

Desde Indraprastha há 3 mil atrás, até começo do século 12 da era cristã, esta região toda era dominada por imperadores hindus.


1ª DELHI

A primeira Delhi era conhecida por dois nomes, Dhillika e Yoginipura. Ela foi construída no 9º século d.C. por Tomar, e era cercada por uma muralha, chamada Qila Lal Kot, que agora fica próxima ao famoso Qutb Minar.

No século 12 d.C, Dhillika foi conquistada por Prithviraja Chauhan III e ampliada com a construção de outra muralha, Qila Rai Pithora em três dos lados da antiga muralha Qila Lal Kot. Esse foi o fim do reinado hindu nessa região.

A primeira Delhi é mais conhecida pelo QUTB MINAR, mas há ainda hoje em dia ruínas das construções antigas da 1º Delhi ao redor do famoso Qutb Minar. Para quem gosta de história, o complexo do Qutb Minar é um prato cheio, bem cheio!

Na verdade é um COMPLEXO onde fica o Qutb Minar, pois ele não está lá sozinho. Ao redor dele há ruinas de outras construções.

O complexo do Qutb Minar faz parte de todos os city tours; então você não precisa se preocupar pois qualquer excursão que você pegue, com certeza eles te levarão para ver esta preciosidade.

Mas afinal o que é este Qutb Minar que faz parte da 1º Delhi ????

É um minarete em arenito vermelho que tinha como função chamar os fiéis as preces.

FOTO: Qutb Minar (por Ana Dini)

Incredible Delhi!

OM Shanti

7 de abril de 2006

Cactos e Rosas



Nâmaskar

É importante que você tenha também a visão de outras pessoas que vem para a Índia, por isso tenho procurado postar a opinião de outras pessoas.

A minha visão de Índia é a de quem mora aqui há 8 anos, de quem vivência o cotidiano da classe média baixa.

A visão do Renato é a de quem veio a turismo e ficou poucos dias; e a da Roberta é a de quem veio para ficar três meses e desenvolver um projeto na área social.

Recebo emails e telefonemas de pessoas que vieram para cá e ficam bravas comigo pois dizem que eu não escrevo mau o suficiente da Índia; que o lugar é horroroso, pavoroso, extremamente sujo e que nunca ninguém deveria vir pra cá. Por isso mesmo resolvi postar a opinião de outras pessoas. Uns gostam, outros odeiam, mas ninguém consegue ficar indiferente ante a Incredible India!

Gostaria de dizer que infelizmente a Roberta não é a primeira e com certeza não será a última pessoa que se estressa e se decepciona com a Índia. Eu já vi isto acontecendo antes com outras pessoas. No entanto, a história da Roberta me tocou muito.

Conheci a Roberta pessoalmente aqui em Delhi quando ela fez uma rápida estada nesta cidade. Roberta é uma mulher linda por dentro e por fora, uma pessoa especial que a Índia não soube respeitar e dar valor. Uma pessoa cheia de amor, carinho e respeito por tudo e por todos.

Para vocês terem uma idéia, a Roberta me trouxe uma latinha de cachaça 51 aí do Brasil. Como você sabe, pinga aqui vale ouro pois simplesmente não existe. Não foi a preciosidade do presente que me comoveu, o que me comoveu foi o fato de que ela trouxe de livre e espontânea vontade, resumindo, sem eu pedir. Foi um puro gesto de carinho e amizade.

Essa latinha de 51 não somente veio com ela do Brasil, como ficou 2 meses me aguardando em Gujarat, depois a latinha viajou mais junto com a Roberta mais uma vez e finalmente veio parar em minhas mãos! Pense bem, tem coisa mais bonita e carinhosa do que uma pessoa ficar viajando e carregando uma latinha de pinga pra cima e pra baixo só pra dar pra você!!!! Agora você já consegue perceber que pessoa especial é a Roberta.

Por isso mesmo fiquei muito chateada com o que aconteceu com ela aqui na Índia. Ela com certeza não merecia sofrer. Ela veio cheia de boas intenções e carinho querendo ajudar, mas mais uma vez a Índia revelou sua face escura, da qual prefiro não falar a respeito.

Como explicar o fato da população de um país com mais de 5 mil anos, com terras férteis e riquezas minerais imensas, estar em muito piores condições de higiene, educação e desenvolvimento do que o Brasil que tem pouco mais de 500 anos?

A pobreza mental e espiritual dos indianos reflete-se na sua pobreza material.

Como diria minha mãe, “se você planta cactos, não espere colher rosas

Incredible India!

OM Shanti

6 de abril de 2006

Renato na India

Nâmaskar

Segue abaixo relato de viagem do nosso querido Renato Brás.

Olá Sandra, tudo bem ?

Já estou de volta ao Brasil e depois de reorganizar tudo pude colocar também em ordem meus sentimentos sobre a Índia.

Minha viagem não foi igual a da Roberta, pelo contrário tudo transcorreu muito bem, mas gostaria de deixar aqui minhas impressões.

Minha chegada em Delhi foi umas das mais diferentes que tive na vida, depois de descobrir que o meu transfer não aparecera resolvemos, eu e meu amigo, pegarmos um "taxi".
A negociação já foi confusa, assim como o aeroporto abarrotado de pessoas esperando por familiares, turistas etc...

Depois de um preço exorbitante e muita negociação até o preço justo seguimos em direção ao carro onde assim que entro e olho para o lado vejo nada mais do que uma pessoa fazendo na "boa" suas necessidades. Aquilo de cara foi um choque, mas enfim estava na Índia e já tinha lido bastante sobre vários costumes indianos.

Trânsito complicado até o hotel, sem regras e apenas muita buzina chegamos ao famoso bairro de mochileiros, Karol Bagh.
Deixando de lado qualquer coisa que possam achar de mim, ou até mesmo comentarem que moro em um país de 3° mundo e que tenho a miséria muito próxima, Karol Bagh me assustou. Sujeira, esgoto a céu aberto, muita gente dormindo na rua, ruas empoeiradas...disse "Chegueiem uma favela brasileira", parei para pensar e renovei meu pensamento "aqui começa mais uma aventura a la Indiana Jones".

Delhi é uma metrópole que para mim não chegou a ser caótica mas que não me agradou, achei-a abandonada. A famosa CP, o Indian Gate, a parte cívica da cidade, tem sua beleza mas acho que deveria ser mais cuidada.

Andamos de metrô (por sinal moderníssimo), auto-rikshaw, a pé, enfim devoramos Delhi no 1° dia. Tudo a preço de banana !!!

Mas nossa viagem pela Índia começaria mesmo no dia seguinte, já com uma confusão na recepção do hotel que jurava que o transfer tinha ido nos buscar no aeroporto, não pagamos mas tivemos a nítida certeza de que fomos enganados no valor dado por eles para levar-nos até a estação de New Delhi, aliás não achei os indianos simpáticos, na verdade o que conta para eles é o que você vai pagar, isso tirou, para mim, um pouco do brilho de toda a "espiritualidade".

Enfim, estação de trem, gente dormindo por todos os cantos, gente querendo levar vantagem em tudo, dizendo que seu bilhete está errado e que podem te levar em uma loja para endireitar...(toda atenção é pouca, isso é um velho golpe), mais gente fazendo "coisitas fisiológicas" próximo a estação e lá estávamos nós na 1ª classe (do século XIX) do trem com destino a Jaipur-Rajastão.

Nosso vagão era praticamente só de estrangeiros, tudo muito cordial e um serviço de bordo prá lá de engraçado, relaxei e comecei a observar uma Índia Rural, mágica pelas cores e triste pela miséria.
A cada cidade, vila, casebre, plantação que o trem rasgava minha mente trabalhava, sem saber se estava emocionado ou com raiva da miséria do mundo.

A cidade de Jaipur realmente pulsa. Saris, vacas, camelos, gente, muita gente nas ruas e um comércio intenso. Eu estava inserido na Índia, foram 3 dias de muita descoberta e paisagens maravilhosas. A única coisa que continuava a me incomodar, desde Delhi, era a sujeira e a falta de higiene da população (limpadores de ouvido, vendedores de dentaduras, tudo a céu aberto e a escolha do cliente que pode inclusive testar para ver se a dentadura cabe na boca, ruas sujas, esgoto a céu aberto..) Jaipur a cidade Rosa é realmente a cara da Índia.

De Jaipur seguimos para Agra, 5 horas de trem e chegamos na cidade mais feia que já vi na minha vida, além de caótica e imunda nos presenteia apenas com o Taj Mahal e o Forte, no mais tudo é muito tumultuado, sem opções.

O Taj Mahal é realmente uma maravilha do mundo, lotado de turistas e também de Indianos, causa um impacto e admirá-lo nunca é demais. Apenas um dia é necessário para esta cidade e de lá nossa etapa mais engraçada da viagem, a ida para Varanasi.

A viagem que duraria 10 horas conforme o staff do trem durou simplesmente 16 horas e a classe para turistas era um vagão imundo, com cortinas de plástico azul cintilante de banheiro, dividia as cabines, para 4 pessoas cada.

Foi uma festa, todos os turistas se conheceram, troca de biscoitos, frutas... a cada parada do trem (ele parava mais do que caminhão de lixo na hora da coleta) todo mundo descia, tirava fotos e contava suas aventuras pela Índia, gente que estava a mais de 6 mêses rodando pelo país, velhos, jovens, senhores Europeus com todo aquele ar blazê, assim como mochileiros franceses "tô nem aí", foi divertidíssimo. Imagina dormir neste trem, quando passei a mão no meu "colchão" ela sai preta, preta, preta.

Varanasi, a cidade sagrada tem lá sua magia, mas não me emocionou, achei bonita a fé mas todo comércio em volta da gente tentando tirar dinheiro tira o brilho, como já disse anteriormente, não achei o Indiano simpático e talvez seja apenas uma implicância minha.

O Rio Ganges e seus rituais levam a beira do rio muita gente, turistas Zen, turistas japoneses e suas cameras ultra-modernas, jovens, indianos de outras cidades, pessoas que esperam a morte nas galerias que levam ao ganges, vacas, sujeira, corpos a serem cremados, enfim algo que todo mundo deveria ver um dia. Varanasi tem 5000 anos e lá também se encontra o local onde Buda fez seu primeiro sermão.
Passamos dois dias por lá e voltamos a Delhi para nossa conexão com destino a Alemanha.

Ficamos sabendo que duas bombas explodiram no dia seguinte que saímos de Varanasi, ferindo vários turistas, inclusive uma na estação de trem , no horário do trem para Delhi. Escapamos por 24 horas.

A saída de Delhi é uma novela mas isso é uma história a parte, apenas para encurtar foram 3 horas da porta do aeroporto até o embarque (4 revistas)... mas isso depois eu conto.

Estarei em breve colocando em um fotoblog as fotos desta viagem que sem sombra de dúvidas nos deixou marcados de uma forma positiva ou negativa.
Abraços,
Renato Brás
Renato

5 de abril de 2006

DELHI


Namastê

Como você sabe, eu amo Delhi e por isso mesmo gostaria de te contar um pouco sobre minha cidade. Sim, Delhi me pertence, é minha! Hehehehehehe

Meu interesse por Delhi surgiu inicialmente em março de 2000 quando sai pela primeira vez do aeroporto e pisei nesta cidade. Isto aconteceu exatamente no dia de Holi, o festival da cores, e todos estavam coloridos e brincando uns com os outros. O clima festivo e o lindo dia de sol, porém não muito quente, contribuíram muito para me causar uma muito boa primeira impressão.

Do aeroporto internacional para o nacional, onde peguei um vôo doméstico, apesar de muito curta a distância entre um e outro, fiquei muito bem impressionada com o que vi; ruas largas, grama aparada e ares de cidade grande. Mas foi mesmo na segunda vez que pisei em Delhi que me apaixonei por ela!

Em Delhi, as pessoas estão bem mais acostumadas com estrangeiros e não ficam olhando para nós como se fossemos ETs ou animais no zoológico.

As ruas e avenidas arborizadas e a imensa quantidade de parques e reservas florestais tornam Delhi muito bela e agradável.

O trânsito caótico e barulhento é o mesmo que no restante da Índia, Mas aqui pelo menos há muito mais semáforos e o tráfego flui melhor e mais rápido; lógico que as avenidas largas e os viadutos contribuem muito para isso.

Temos aqui cerca de 13 milhões de habitantes (pessoas) distribuídos em 1.483 km², e um incontável número de vacas (animais).

Você algum dia já se perguntou por que Nova Delhi chama-se NOVA Delhi??? Se o nome é Nova Delhi isto significa que ouve uma “velha” Delhi??? Assim como você, eu um dia também me fiz esta pergunta.

Sim, na verdade, houveram 7 (sete) “velhas” Delhi!!! Isso mesmo Sete “velhas” Delhi!!!! Para que se ter uma só quando se pode ter oito!!! Calcule, 7 “velhas” Delhi + 1 Nova Delhi = 8 Delhis !!!!!!!!!!!
Já deu pra você perceber porque amo tanto esta cidade; porque há 8 delas!!!!!!!!!! rssssssss

Aprenda aqui com nosso blog tudo sobre Delhi, pois os guias turísticos só falam Hindi e/ou ensinam tudo errado.

Om Shanti

4 de abril de 2006

Water



Nâmaskar

Hoje vou contar o enredo do excelente filme WATER, escrito e dirigido pela fantástica cineasta indiana Deepa Mehta. Esse filme é de 2005 e os atores principais são John Abraham e Lisa Ray, ambos muito bonitos e talentosos.

O filme chama-se WATER, traduzindo - Água. E faz parte da série Fire, Earth, Water (Fogo, Terra, Água). O DVD possui legenda em inglês e francês, pois foi lançado no Canadá.

O filme começa com a seguinte citação:
“Uma viúva deve sofrer prolongadamente até sua morte, auto-contida e casta. Uma esposa virtuosa que se mantém casta quando seu marido morre vai para o céu. Uma mulher que é infiel a seu marido renasce no ventre de um chacal”.
As Leis de Manu
Capítulo 5 versículos 156-161
Dharamshastras (Textos Sagrados Hindus)

A estória é de uma menina que casada com um homem muito mais velho fica viúva aos 7 anos de idade. O filme se passa em 1938, época em que Mohandas Gandhi tenta introduzir na Índia idéias de liberdade, igualdade, fim do sistema de castas e da discriminação.

O filme mostra ainda os seguintes aspectos culturais:
- Cremação de corpos a céu aberto a beira do rio Ganges em Veranasi (na realidade o filme teve que ser feito no Sri Lanka pois Deepa Mehta e sua equipe foram expulsos de Veranasi, tiveram suas câmaras e materiais de filmagem destruídos e foram ameaçados de morte).
- O ritual de cortar o cabelo da viuva e raspar-lhe a cabeça careca.
- Vestir somente roupas brancas depois da viuvez.

Naturalmente, ao mostrar fatos reais como a condição subumana de vida das viúvas, Deepa Mehta mais uma vez, coloca o dedo na ferida da hipócrita sociedade indiana; e por isso mesmo ela não é mais bem-vinda por aqui.

A Índia não quer ver revelada sua realidade desumana e brutal e tenta de todos os modos mostrar ao ocidente uma imagem de desenvolvimento espiritual que na realidade não existe.

O filme é doce, a fotografia é linda e as músicas são belas e suaves, com certeza não justifica a enorme onda de ameaças que Deepa Mehta sofreu.

Pensei que o filme fosse ser intenso e contundente, mas Deepa Mehta ‘pegou leve’ e nem abordou questões mais sérias como a gravidez de viúvas que transavam com os sacerdotes hindus em troca de um prato de comida.

“Há 34 milhões de viuvas na India segundo o Censo de 2001, muitas continuam a viver sob condições subhumanas, como prescrito 2000 anos atrás nos textos sagrados de Manu.” Com esta frase, o filme termina.

OM Shanti

3 de abril de 2006

Sati - explicação


Namastê

Como tem leitores que ainda não entenderam bem a prática do Sati, tentarei explicar mais claramente.

Sati é o ato de queimar a viuva viva junto ao corpo do marido morto simultaneamente na mesma fogueira (pira funerária).

Para abafar seus gritos de dor, eram tocados tambores. Se ela se recusa-se a ir para a fogueira espontaneamente, batia-se nela a pauladas até finalmente po-la na fogueira.

Os britânicos achavam tudo muito animalesco e primitivo mas como seu interesse era tão somente comercial (exploração); nada fizeram contra esta prática e contra os sacrifícios de animais e crianças e muitas outras práticas brutais. Eles não queria estragar suas relações comerciais com os indianos indo contra sua cultura. Os britânicos adotaram a postura de “respeitar” as tradições indianas e assim não criar problemas para sua dominação.

Foi o indiano bengalês Raja M. Roy, sobre o qual escrevi em postagem anterior, que levantou a voz pela primeira vez contra a pratica do Sati. Naturalmente ele encontrou apoio imediato dos britânicos e juntos passaram a lei proibindo-o.

Quando uma moça casa-se aqui na Índia, ela pertence ao marido e portanto vai morar na casa dele com os pais deles e toda a família dele. Isto acontece até hoje (inclusive com as brasileiras casadas com indianos) e para esta regra NãO há exceção. Depois de uns tempos as brasileiras se mudam e alugam uma casa, mas as indianas moram pra sempre com os sogros e a família do marido.

Quando o marido morria, a família dele não queria ficar alimentando e sustentando uma boca desnecessária, e por isto mesmo queimava as viuvas pra se livrarem dela. As famílias não se importavam em cuidar dos netos órfãos, pois estes pertencem à sua família. A mãe das crianças é vista tão somente como reprodutora e objeto sexual do marido, um brinquedo pra ele trepar quando quiser, e portanto não importante após a morte deste. Deu pra entender?

Depois que passaram a lei proibindo a matança das viuvas, o que aconteceu com elas????????

Eram expulsas de casa e levadas para a cidade “sagrada” de Varanasi (antiga Benaras). E é exatamente sobre isto que trata o filme WATER da cineasta Deepa Mehta.

Om Shanti

1 de abril de 2006

Lição de Casa


Caros Leitores,

POR FAVOR, VOLTO A REPETIR, FAçA LIçãO DE CASA ANTES DE VIR para INDIA!

Resumindo, se você não quiser chorar, ficar triste, ficar desesperado, ficar com dor de cabeça, gastar dinheiro atoa, ficar decepcionado, ter dor de barriga, antecipar a passagem aérea pra sair daqui correndo, praticamente fugindo; repito Faça Lição de Casa!!!!!!!!!

Lição de casa é ESTUDAR, é LER tudo sobre a India, é se preparar culturalmente, espiritualmente, psicologicamente e emocionalmente!! Tá dando pra vc entender????

Leia o blog INTEIRO, compre um mapa da India e estude-o, compre um bom guia tipo Lonely Planet e leia tudo sobre as cidades que vc vai visitar. Pesquise na Internet, veja MUITAS fotos da India real,  da pobreza, da sujeira, da miséria, assim quando vc vier pra cá, vc não sofre e acaba achando a India um país agradável!!! Percebe?

Prepare-se para o pior, assim o que vier de bom é lucro!!!!

Vou deixar bem claro de uma vez por todas, aqui é INDIA, não é Estados Unidos não!!!! Se vc quer luxo, beleza, limpeza, organizção etc NãO venha pra cá, vá pros Estados Unidos, Canada e Europa. Entendeu!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Mesmo gente que vem preparada, que faz Lição de Casa sempre se choca com a realidade indiana nua e crua. Memso o pessoal entenado pasta pra caramba aqui. Imagine só se tu vier de gaiato pra cá!!! ACORDA!!!!! Aqui é barra pesada, tá entendendo????

Faça Lição de Casa!!!!!

Eu já escrevi sobre isso antes!

Lembra que na semana passada escrevi sobre o estupro de uma moça alemã, pois bem, tudo vai acabar em massala (não vai dar em nada)!!!
O estuprador é filho de um policial de alto escalão; e já falaram pra ela parar de querer levar o caso adiante pois se não vão mata-la! Se eu fosse a alemã, cairia fora daqui rapidinho!
Se o filho de um ricaço estuprou uma diplomata suiça em 2004 e não deu em nada, imagine só essa coitada alemã que veio pra cá com bolsa de pesquisa!!!

Incredible India!

OM Shanti