3 de janeiro de 2006

O Drama de Gudiya


03/01/2006

Nâmaskar,

O gerenciamento da empresa aérea indiana Air India decretou que doravante as mulheres da tripulação poderão vir a ser supervisoras de vôo. Até hoje, somente os homens podiam ser supervisores. Inúmeros são os casos onde mulheres com 25 anos de experiência ou mais tinham que reportar ao supervisor de vôo (homem) mesmo que este tivesse somente poucos meses de experiência.

Os homens já se juntaram e estão consultando seus advogados para impedir que as mulheres possam ser supervisoras. O conchavo masculino está forte e promete derrubar essa nova diretriz. A cabecinha dos homens indianos em relação as mulheres continua a mesma ....

O ministro das finanças P. Chidambaram crê que a economia da Índia crescerá 7% em 2006. A economia indiana tem crescido firme e forte ultimamente mas agente aqui continua na pindaíba. Como já cantava Gal Costa .. “onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu, e ninguém viu, o gato fugiu, o gato fugiu, o seu paradeiro está no estrangeiro, onde está o dinheiro?”

Um curto circuito seguido de incêndio levou a vida de mais uma pessoa aqui na Índia. Já perdi a conta de quantas pessoas morrem eletrocutadas ou por incêndio causado por curto circuitos. É um absurdo o número de gambiarras elétricas (conexões indevidas). Veja as fotos tiradas por Alexandre Rocha a meu pedido no famoso M Block Market em GKI aqui no sul de Delhi.

Espera-se que o metrô acabe por ensinar aos indianos um pouco de etiqueta, no caso, refere-se a não cuspir, fumar, comer, escarrar, assoar o nariz, urinar e jogar lixo no chão das estações de metrô assim como dentro dos trens.

O problema maior continua a ser o monte de panos que as mulheres indianas usam e que prende nas portas automáticas, e a imprudência dos pais e mães que deixam os filhos soltos ou escorregarem na escada rolante. Eu mesma já vi uma vez um segurança gritando para uma mãe segurar o filho na escada rolante; e outra vez vi uma criança de uns 2 anos de idade com o dedo preso nos degraus da escala. Mas se já não cuspirem no chão pra mim já está bom e já é lucro!

Gudiya morreu. Ela casou-se em agosto de 1999 com Arif a após 10 dias seu marido que era militar do exército indiano foi transferido para a perigosa região de Kashimir. Um mês depois ele desaparece e é declarado um desertor.

Após 4 anos, Gudiiya casa-se em 2003 com Taufeeq. Em 2004 grávida de 8 meses quando Arif o marido sumido reaparece dizendo que havia ficado preso no Paquistão. Ele quer a esposa de volta mas não quer o filho que ela carrega no ventre.

O caso vira uma discussão nacional e aparece em todos jornais, revistas e noticiários de TV do país. Ela quer ficar com seu novo esposo e seu filho mas todos a pressionam a abandoná-los e voltar ao primeiro marido. Ela cede as pressões e volta para Arif. Este a engravida novamente logo após ela ter dado a luz ao filho do segundo marido.

Duas gravidez em seguida mais a carga emocional e a intensa pressão por parte da mídia, familiares, religiosos, maridos etc. fazem com que ela tenha um forte ataque cardíaco e desenvolva Lúpus de cunho psicossomático. Ontem ela faleceu. Não agüentou a pressão e a ignorância da própria cultura na qual nasceu. Ela só queria ser feliz ao lado do segundo esposo e do filhinho, mas não lhe foi permitido.

Incredible India!

OM Shanti

2 comentários:

  1. Puxa, que história triste, a de hj, San... Fiquei chocada com o drama de Gudiya... A sociedade indiana faz tão pouco caso dos sentimentos alheios... Principalmente quando se trata dos sentimentos femininos... Tb fiquei com pena dos dois órfãos...
    Muito triste...
    Beijos.

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  2. Desculpem-me,mas que país foda esse,onde as mulheres nao são respeitadas.

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